quarta-feira, 30 de março de 2011

Tim Burton e Johnny Depp: 20 anos de parcerceria e com 2011 , 21 anos .

                                                                  

   A história da dupla  começou no final da década de 1980, quando Depp, ao deixar uma fracassada carreira de rockstar, resolveu seguir o conselho de Nicolas Cage e tentar a sorte em Hollywood. A primeira janela para a fama veio através da série Anjos da Lei (21 Jump Street), no papel de um policial que trabalhava disfarçado de adolescente em um colégio. Depp detestava o programa - chegou a acusá-lo de fascista - e, no cinema, só conseguiu papéis secundários em Platoon e A Hora do Pesadelo. A grande virada aconteceu com Cry Baby, do polêmico cineasta John Waters, e, principalmente, com Edward Mãos de Tesoura, ambos de 199   A conexão foi imediata. Depp encontrou Burton em um hotel de Los Angeles já completamente apaixonado pelo personagem, uma espécie de Pinóquio criado por um recluso cientista (Vincent Price, em um dos seus últimos trabalhos) que, apesar da aparência humana - pele muito branca e cabelos desgrenhados, como o diretor - tinha um único defeito: lâminas afiadas no lugar de mãos. "Aquele papel não era uma estratégia de carreira. Era a liberdade. Liberdade para criar, experimentar, aprender e exorcisar algo em mim", lembrou Depp anos depois. De fato, essa fábula sombria foi um divisor de águas na carreira do ator e é até hoje o maior êxito crítico de Burton, que vinha do blockbuster Batman.
  A próxima investida da dupla foi Ed Wood (1994), uma homenagem àquele que é considerado por muitos o pior diretor de todos os tempos. Burton vinha de uma briga feia com Warner por causa de Batman - O Retorno e Depp, um astro depois de Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador e Don Juan de Marco, queria fugir da imagem de galã. O mergulho no universo dos filmes B, em uma belíssima fotografia em preto-e-branco, provou que os dois não precisavam da fantasia para conseguir emocionar plateias. Ou melhor, eles pelo menos tentaram: na melhor tradição Ed Wood, o filme foi um fracasso comercial retumbante, mesmo com a imprensa aplaudindo o longa-metragem. Mais tarde, o trabalho ganharia dois prêmios Oscar, de melhor maquiagem e melhor ator coadjuvante (Martin Landau).
Baseado no conto de Washington Irving, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça surgiu cinco anos depois e, à época, foi o maior sucesso da carreira de Johnny Depp (US$ 200 milhões). Estrelado também por Christina Ricci, o filme abusava de uma direção de arte assustadora e litros de sangue para mostrar um fantasma colecionador de cabeças tocando o terror num vilarejo do século 18. O clima lúgubre e por vezes onírico da produção cristalizou o estilo de Burton, já famoso por essas histórias bizarras e soturnas. Isso ficou ainda mais evidente em Noiva Cadáver, primeira animação stop-motion dirigida por Burton – que antes havia produzido O Estranho Mundo de Jack e James e o Pêssego Gigante -, dublada por Depp.
Também em 2005, estreou a nova versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate, do livro de Roald Dahl, e aí as cores escuras deram lugar à explosão de cores do mundo de Willy Wonka. A atuação bizarra de Depp no papel principal - inspirada, dizem por aí, em Michael Jackson - fez com que o personagem antes interpretado por Gene Wilder ganhasse dimensões completamente novas, inclusive uma estranhíssima fobia social. Crianças e adultos abarrotaram as salas de cinema, e a partir disso não é difícil saber por que a Disney apostou alto ao colocar Alice nas mãos de Burton.
O diretor voltou à farra de sangue e terror com Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet, de 2007, uma adaptação do musical de Stephen Sondheim. Depp encabeça um elenco que não tinha experiência na música, mas que encara sem pudores a tarefa de cantar. A trama, uma mistura de assassinatos, vingança, paixão e tortas feitas de carne humana, conquistou o público e, de quebra, rendeu a terceira indicação ao Oscar a Johnny Depp.
Burton insiste que a participação do amigo sempre depende do papel e que a surpresa é a melhor parte da parceria. "Você quer ter certeza que as coisas continuam no mesmo nível, ou até melhores. É sempre empolgante ver o que ele acrescenta. E é divertido trabalhar com Johnny porque é como se sempre vai haver algo diferente e novo." Para Depp, tudo é bem mais claro - a confiança no diretor é irrestrita e absoluta, tanto que ele nem sabia que ia interpretar o Chapeleiro Maluco em Alice: aceitou entrar no filme totalmente no escuro. "Por mim, poderia ter sido até Alice", ele afirma. "Confiança é a chave de tudo. Sei com certeza que Tim confia em mim, o que é uma benção maravilhosa, mas isso não quer dizer que eu não fique sempre paralisado pelo medo de decepcioná-lo."
     Sétimo filme da dupla, Alice no País das Maravilhas é a colaboração de maior sucesso entre cineasta e ator.
    Alice no País das Maravilhas, mais do que o primeiro megasucesso de Tim Burton e Johnny Depp – o filme arrecadou até agora cerca de US$ 800 milhões ao redor do mundo –, marca também a comemoração dos 20 anos de parceria da dupla. Já são sete longas-metragens de uma relação que parece ficar cada vez mais forte, de identificação profunda de dois seres estranhos na indústria cinematográfica. As excentridades de um se encaixam com as do outro e isso resultou num patamar de qualidade que, além da excelência artística, encontra surpreendente respaldo junto ao público: juntos, os filmes acumulam quase US$ 2 bilhões de bilheteria.
                        
                                                                        

                                            Próximo filme da dupla é  Dark Shadows

                                                                      

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